Moneta Comunicação

O dia em que a Câmara mostrou por que sua reputação desaba

Deputado ocupa a cadeira da presidência da Câmara e é retirado à força pela polícia legislativa
PT- BR

A cena de ontem na Câmara dos Deputados explica muita coisa sobre a percepção do país. Um deputado ocupando a mesa diretora, sendo retirado à força, transmissão cortada, plenário esvaziado. Isso não é exceção. É sintoma.

Pausa.

Quando uma instituição precisa apelar para o improviso físico — empurra daqui, arrasta dali — é porque perdeu a capacidade de resolver conflitos no terreno correto: o da narrativa clara, do método, da regra. E quando a regra falha, a reputação vai junto. Instituição sem reputação vira palco. E palco vira bagunça.

Falo isso depois de três décadas lidando com crise, reputação e comunicação pública. Já vi muita confusão política. Mas o que se repete agora é outra coisa: um ambiente onde a percepção pública se desmonta ao vivo, sem nenhum cuidado com impacto, coerência ou responsabilidade. E sem instituição forte, não existe debate forte. Só ruído.

A pergunta que fica é simples: Como exigir confiança popular se a própria Casa não controla a própria narrativa? Se a primeira reação diante do conflito é cortar câmera e esvaziar plenário? Crise não some quando se apaga a luz. Crise cresce no escuro.

A verdade dura é que a Câmara não vive um episódio isolado. Vive um problema de construção. De método. De respeito à própria função. E enquanto não recuperar disciplina institucional, continuará entregando exatamente isso que vimos hoje: um espetáculo que reduz o país — e não o representa.